Salta, Jujuy e mais: roteiro completo pelo melhor do Norte da Argentina

No extremo noroeste da Argentina, onde as linhas do mapa marcam a fronteira com a Bolívia e o Chile, um destino começa a ser descoberto pelos turistas brasileiros. Há muito o que fazer nas três principais províncias: Jujuy, Salta e Tucumán. Cada uma delas tem suas próprias características, paisagens e muitas atrações para você conhecer.

 Província de Jujuy: uma imersão nas tradições dos povos originários

Veja aqui 5 motivos para embarcar para o norte da Argentina.

Tudo pronto? Então confira o que fazer no Norte da Argentina, onde ficar e os passeios imperdíveis pela região:

Tucumán: o berço da independência Argentina

Há várias hipóteses para a origem da palavra Tucumán. A mais difundida entre os locais é o significado inca de “final de tudo”, uma vez que a região é a última de que se tem registros do Império que dominou os Andes antes da chegada dos europeus. Descubra o que fazer a partir da capital, São Miguel de Tucumán.

O que fazer em Tucumán

Casa Histórica: o principal museu da cidade funciona no lugar onde foi declarada a independência da Argentina, em 1816. Faz parte do circuito Cidade Histórica, que tem pontos como o teatro Mercedes Sosa (sim, a cantora nasceu na cidade), a Casa de Gobierno e a catedral de Nuestra Señora de la Encarnación – tudo ao redor da Praça da Independência. 

El Cadillal: a 26 km da capital, a cidade abriga o Dique El Cadillal, um enorme espelho d’água que serve como cenário para o complexo turístico Puerto Argentino: por ali, há restaurantes de comida típica, atividades aquáticas, anfiteatro e o MAC, museu arqueológico com artefatos encontrados durante a construção da represa. Suba de teleférico para ter uma vista panorâmica a partir do Morro Médici, e aproveite para tomar um café nas alturas.

Tafí del Valle: a região, a 107 km da capital, tem vegetação abundante e o belo lago de Angostura. Atrai visitantes interessados por um sossego típico de fazenda: é possível se hospedar em algumas das propriedades rurais, como a Hospedaria Las Carreras, antiga estância jesuítica que data de 1779.

Cidade Sagrada dos Quilmes: os Quilmes resistiram às invasões do Império Inca e lutaram contra os espanhóis até beirar o extermínio e serem forçados a deixar a região. Hoje, o local, a 184 km de São Miguel de Tucumán, é mantido pelo governo em parceria com a comunidade, que atua ativamente na conservação do sítio histórico. Pode ser um programa de 15 minutos ou de muitas horas – o que depende apenas da disposição do visitante –, passeando entre o que já foram casas e ruas deste povo originário. Tome fôlego e suba até os mirantes para uma vista privilegiada do vale e sua floresta de cactos centenários. Encerre a visita no museu, com achados arqueológicos e detalhes da história dos Quilmes. 

A Terra Sagrada dos Quilmes, sítio arqueológico que conta ainda com um museu

Onde ficar em Tucumán

Em São Miguel de Tucumán

Sheraton Tucuman Hotel: o hotel fica próximo dos principais pontos de interesse, inclusive do aeroporto. Tem quartos novos e confortáveis. 

Em Tafí del Valle

Las Carreras: instalado em uma estância jesuítica de 1779, tem confortáveis acomodações e boa cozinha. É ideal para passeios a cavalo e para experimentar o dia a dia no campo. 

O que comer em Tucumán

Empanadas e receitas à base de milho, como a pamonha, são bem típicos desta região. A carne de lhama também é uma especialidade local, consumida geralmente em bifes. Harmonize com os vinhos de altura (de vinhedos cultivados em alta altitude), de bodegas locais como a Tukma. 

Salta: Vinhos, agito e boa gastronomia

A cidade de Salta, capital da província de mesmo nome, será servida por voos diretos de São Paulo nesta temporada. Diferente da vizinha Jujuy, Salta é mais cosmopolita, perfeita para noites pulando de bar em bar em busca das melhores empanadas saltenhas – as originais. 

A Basílica de São Francisco, um dos principais cartões-postais de Salta

O que fazer em Salta

MAAM – Museu de Arqueologia: o museu é um dos mais importantes da região, e abriga uma fascinante descoberta arqueológica: as múmias de três crianças incas, encontradas praticamente intactas. Em respeito aos vestígios humanos expostos no local, não é permitido tirar fotos, e o silêncio paira no ar. A visita é imperdível para entender mais sobre a região e os costumes dos povos andinos.

Avenida General Martin Gümes: ponto de encontro noturno dos saltenhos, concentra inúmeros bares e cervejarias (algumas artesanais) com atrativos sinalizadores de néon para um Happy Hour a bons preços. A avenida desemboca na Praça 9 de Julho, a principal da cidade, que abriga construções históricas, restaurantes de comida típica, a Igreja da Sé e muitas lojinhas de suveniers.

Cafayate: a cidade, a 180 km da capital, é o local para conhecer os chamados vinhos de altura, específicos desta região. Algumas das vinícolas são abertas para visitação, como a Bodega El Esteco (que tem ainda um charmoso hotel com vista para as montanhas) – primeiro você conhece o processo de produção e, ao final, participa de uma degustação guiada. 

No centrinho, você encontra rótulos a bons preços e o helado (sorvete) de vinho, tradicionalíssimo por lá. Aproveite também para curtir a tradicional Peña Folclórica: shows de música tradicional que tomam conta dos bares à noite – uma das mais famosas é no Doña Argentina. 

Onde ficar em Salta

Os cactos estão por toda parte

Em Salta:

Sheraton Salta: na encosta do monte de São Bernardo, o Sheraton tem todos os quartos com vista para a cidade. Ao ar livre, o charmoso bar na piscina é todo enfeitado com luzinhas. 

Em Cafayate:

Boutique Hotel & Spa Altalaluna: afastado do centro da cidade, tem clima de fazenda, cozinha tradicional (com direito a empanadas no forno a lenha) e vista livre para as montanhas. Ideal para casais.

Hotel Asturias: bem localizado, fica perto da praça principal, a uma quadra de distância das lojas e restaurantes. Boa infraestrutura e um charmoso pátio interno fazem desse hotel uma opção atraente e econômica.

O que comer em Salta

Em Salta, não deixe de experimentar as empanadas saltenhas. A receita original é com recheio de carne, mas não fique só neste sabor: queijo, frango e quinoa também são tradicionais – e deliciosos. Além das empanadas, a carne bovina também é farta, servida em nacos generosos e geralmente acompanhada de batatas.

Jujuy: tradição e paisagens de filme 

A província de Jujuy, que faz fronteira com a Bolívia, ao norte, e com o Chile, ao leste, fica a pelo menos 99 km de Salta. É onde você encontrará as maiores altitudes: nas regiões da Puna e das Quebradas (veja mais abaixo), a estrada pode chegar a mais de 4 mil metros acima do nível do mar. 

Última parada do nosso roteiro, é possível fazer o caminho de volta ao Brasil com embarque na capital São Miguel de Jujuy, com voo via Buenos Aires pela Aerolíneas Argentinas. 

O que fazer em Jujuy

Estradas

O horizonte em Jujuy é enfeitado por imensos paredões multicoloridos, marcados pelo tempo e pela ação dos ventos. Para tirar fotos incríveis, reserve uma parte do deslocamento para paradas nos mirantes.

Povoados

Ao pé das montanhas, os pequenos povoados ficam na chamada região das Quebradas, emprestando cor e um charme pitoresco às paisagens. O tempo parece correr em outro compasso em lugares como Purmamarca, a 71 km da capital da Província, famosa pela Montanha de Sete Cores – para admirá-la de frente, suba para o mirante El Porito. A formação, de mais de 600 milhões de anos, tem faixas de cor bem delineadas pelo acúmulo de sedimentos, e fica ainda mais brilhante com o sol da manhã. Aproveite para comprar, a bons preços, peças de lã de lhama em diversas cores e padronagens.

Salinas Grandes

O salar, segundo maior da América Latina, fica na região de Puna, a 134 km da capital São Miguel de Jujuy, com extensas planícies que chegam a mais de 4 mil metros de altitude. Da estrada, já dá para ver a imensidão desse deserto inteiro de sal, com um horizonte que, se não fosse delimitado pelas cadeias montanhosas, pareceria infinito. Há um glamping para se hospedar ou almoçar bem no meio do deserto, que exige reservas com bastante antecedência. 

Salinas Grandes, um dos maiores desertos de sal do mundo

Águas termais

Já nas cidades de águas termais, como Termas de Reyes, a 19 km da capital São Miguel de Jujuy, a paisagem é completamente diferente, dominada por uma densa vegetação que serve de moldura para as lagoas. Os hotéis da região atraem casais e famílias em busca de dias de sossego em águas quentinhas e terapêuticas.

Onde ficar em Jujuy

Em São Miguel de Jujuy

Howard Johnson Plaza Jujuy: ótima localização no centro histórico da cidade, com quartos novos e confortáveis.

Hotel Altos de la Vina: tem vista privilegiada para a capital, quartos espaçosos e um ótimo restaurante de culinária local.

O que comer em Jujuy

A lhama, animal que habita a região, é comum nos cardápios da região, preparada de diversas formas. Um dos pratos mais tradicionais é uma espécie de ensopado com a carne, batatas, diferentes tipos de milho e arroz.

Como circular pelo Norte da Argentina

Há rodoviárias em todas as cidades, mas o mais indicado é alugar um carro para ir de uma cidade a outra. Até porque as estradas são uma atração por si só, com paisagens incríveis, então vale poder parar quando e por quanto tempo quiser. 

O deslocamento pode levar de duas a três horas, por isso o ideal é reservar pelo menos dois dias em cada localidade, para seguir descansado para o próximo ponto e curtir ainda mais. 

Importante: fique atento aos efeitos da altitude. A variação pode causar dores de cabeça ou náuseas em algumas pessoas. Se sentir um desses sintomas, é recomendável fazer uma parada para respirar e só retomar viagem ao se sentir melhor. Um costume local é mastigar (sem engolir) folhas de coca, que aliviam bastante o mal-estar. Você encontra o produto em barraquinhas na beira da estrada, puro ou preparado com açúcar (os chamados “caramelos de coca”). 

Prepare sua viagem

  • A moeda local é o Peso Argentino, mas muitos dos estabelecimentos aceitam cartões de crédito (com uma taxa adicional) e débito.
  • Leve um adaptador de tomadas (de preferência, um universal), pois o formato das tomadas na Argentina é de três pinos chatos, diferente do Brasil.
  • Faça as malas para calor e frio: pela manhã, os termômetros marcam menos de 10ºC e, durante o dia, o calor é intenso. Filtro solar e tênis confortável para caminhadas são essenciais.