Por Célia Nascimento
Fotos de Thiago Lorenzoni
Desde criança, sempre quis fazer uma viagem para o Jalapão. Lembro-me de ouvir histórias sobre uma terra longínqua, avermelhada e cheia de aventuras. Foram anos de espera até realizar esse sonho.
Para adentrar terras jalapoeiras, é preciso começar por Palmas. O Parque Nacional do Jalapão é imenso e tem o formato de uma ferradura. Então entramos num ponto e saímos pelo outro lado.
Fizemos o trajeto Volta ao Parque, que contorna todo o perímetro do Jalapão e permite ficar menos tempo no carro, pois as atrações são distantes uma da outra.
1º dia – Taquaruçu
Começamos nosso passeio pela cidade de Taquaruçu. A primeira parada foi o mirante, que mostra a natureza e a cidade ao redor. Depois seguimos para Roncadeira. A temperatura de lá é bem mais amena que a da cidade. A umidade é constante por conta das cachoeiras, e o frescor agradável facilita a caminhada.
A bela cachoeira é cercada de pedras e tem uma água muito fria, que gela a alma. É ótimo para renovar as energias.
No almoço, provamos a melhor sobremesa do mundo: sorvete de creme com cocada e calda de murici. No fim do dia, conhecemos nosso grupo para então começar a jornada pelo Jalapão.
2º dia – Fazenda Rosalina e Morro da Catedral
O dia começou cedo, com destino à Fazenda Rosalina, famosa por suas formações rochosas ferruginosas. As pedras gigantescas têm os mais variados desenhos. Lá de cima, vimos o contraste das cores: vermelho da terra, verde da natureza e azul do céu, quase sem nuvens.
Então seguimos rumo a São Félix. Ficamos hospedados no Ecolodge, pousada incrível para quem curte natureza. Os quartos são construídos de bambu, parecendo pequenas ocas. A energia é maravilhosa!
Após o almoço, relaxamos no Rio do Soninho. De coletes salva-vidas, ficamos boiando como se não houvesse amanhã. A correnteza da água nos levava a longas voltas no rio. Dá até para dormir.
No fim da tarde, visitamos o Morro da Catedral, que tem o formato de uma igreja e antigamente era conhecido como Morro do Mandacaru. A trilha é um tanto puxada, com uma escadaria de 365 pneus cimentados, construída pelo Sr. Raimundo. Ele escalou a montanha com os pneus e o cimento nas costas para construir a trilha.
A vista é maravilhosa, mostrando a imensidão do parque. São terras e mais terras, sem nenhum vestígio de civilização. O pôr-do-sol lá do alto é mágico!
3º dia – Rafting na Cachoeira da Velha e Rio do Sono
No dia seguinte, fizemos o tão aguardado rafting. Cruzamos o Rio do Soninho num barco e seguimos a trilha. Descemos remando na maior empolgação. Esse passeio permite ver a Cachoeira da Velha por um lado diferente do convencional.
Depois de muita adrenalina, almoçamos às margens Rio do Sono e ficamos relaxando. A água é refrescante e potável. Tivemos o privilégio de ver um casal de pato-mergulhão, espécie em risco de extinção por viver apenas em águas extremamente limpas.
4º dia – Fervedouros, Cachoeira do Formiga e Comunidade Mumbuca
Os fervedouros são piscinas naturais de água cristalina. Seu tom azul turquesa faz nossos olhos brilharem. Até parece cenário de filme. Lá é impossível afundar por causa de uma formação rochosa impermeável que impede a vazão do lençol freático. A pressão é tanta que faz a água subir e ficar em constante ebulição, o que nos faz flutuar.
À tarde, visitamos a Comunidade Quilombola Mumbuca, berço do capim dourado, muito utilizado no artesanato local.
Após o almoço, visitamos a Cachoeira do Formiga, com um azul-turquesa hipnotizante. Ela forma um grande lago fundo, onde nadamos. A diversão é vencer a força da correnteza e nadar até debaixo da queda-d’água, que nos fez uma ótima massagem.
5ª dia – Nascer do Sol na Serra do Espírito Santo e Dunas do Jalapão
Acordamos às 3h da manhã e fizemos uma trilha de 4 horas, parte dela margeando a Serra do Espírito Santo. Lá de cima, vimos um belíssimo alvorecer. Ao descer a serra, tomamos um reforçado café no Bar da Dona Abenita, com bolos, cuscuz com queijo e sucos de frutas da região.
Em seguida, visitamos as Dunas do Jalapão, que lembra o deserto. O sol reflete tons de dourado e laranja nos gigantes paredões de areia.
6º dia – Cânion Encantado – Ponte Alta
A trilha até o Cânion Encantado começa na casa do Sr. Juraci, que nos acompanhou pelo trajeto contando curiosas histórias da região. No início, descemos escorando um barranco segurando uma corda. Depois a caminhada é tranquila pela mata.
O cânion é um dos lugares mais mágicos que já vi na vida. No paredão de pedra se formam até cinco cachoeiras no período de chuvas. O barulho e a força da água emocionam. Foi nosso último passeio antes de voltar para Palmas. Fechamos com chave de ouro.