O Rio de Janeiro já nasceu protagonista. Quando Estácio de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565, com intuito de expulsar os franceses que se estabeleceram na região, já percebeu o poderio econômico do local. Devido à posição estratégica, virou uma zona portuária e comercial, fazendo a população crescer em alta velocidade. No século 18, virou local de escoamento do ouro proveniente de Minas Gerais, mas o grande boom foi com a chegada da família real portuguesa, em 1808, trazendo na rabeira, entre 10 a 15 mil pessoas.
Em seus 458 anos, o Rio de Janeiro apresenta uma rica história contada, principalmente, pelas construções de sua área central. Há tanto o que fazer por lá que, para organizar melhor sua visita, dividimos em dois roteiros, selecionando 12 das principais atrações da região. O primeiro roteiro abrange atrativos do coração do centro, enquanto o segundo contempla as atrações próximas da área portuária.
Para quem não estiver hospedado por lá, a melhor forma é chegar de metrô, desembarcando nas estações Carioca e Uruguaiana. Uma vez lá, vale a pena conhecer os lugares a pé.
Roteiro no Rio de Janeiro pelas atrações históricas:
CENTRO
Theatro Municipal
Uma das grandes salas de espetáculos do país foi inaugurada em 1909 e é inspirada na Ópera de Paris. Seu interior é rico em mármore, vitrais, esculturas, gravuras e lustres de cristal. É a única instituição brasileira que mantém escola de dança, coral, escola de ballet e orquestra sinfônica e academia de ópera. Nas visitas guiadas (quarta às 16h, quinta e sexta às 11h, 14h e 16h e sábado, às 11h e 12h30), o público passa pelo foyer, plateia, camarote, galerias e café do teatro. Praça Floriano, s/n
Museu Nacional de Belas Artes
A bela construção de 1908 em estilo eclético fica bem em frente ao Theatro Municipal e possui o maior acervo de arte brasileira, destacando as obras do século 19, como a Batalha do Avaí, de Pedro Américo, Primeira Missa no Brasil e Batalha dos Guararapes, ambas de Victor Meirelles e Elevação da Cruz em Porto Seguro, de Pedro Peres. Entre as obras do século 20, destaque para 212 trabalhos de Cândido Portinari. Atualmente, o museu encontra-se fechado para reforma, com previsão de reabertura para o segundo semestre de 2024. Avenida Rio Branco, 199
Biblioteca Nacional
Também próxima do Theatro Municipal e do Museu Nacional de Belas Artes, é a maior biblioteca da América Latina. Absolutamente tudo que já foi publicado no Brasil – de folhetos de propaganda a livros – tem uma cópia registrada no acervo, que possui mais de 10 milhões de obras. A biblioteca guarda a Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel, o processo de condenação de Tiradentes e mapas dos séculos 15 e 16 – todos devidamente guardados e sem acesso ao público. Além do acesso normal para a consulta de livros, há visitas guiadas de hora em hora que passa pelos três andares da construção de 1910 Avenida Rio Branco, 219
Real Gabinete Português de Leitura
Quem olha por fora tem a impressão de tratar-se apenas de uma igreja em uma rua sem graça. Porém, basta colocar os dois pés em seu interior para se embasbacar com uma profusão de livros que saem do chão e vão quase até o teto – na verdade uma linda claraboia de vidros coloridos. É tanto livro que nem parece que existem três pavimentos. A construção de 1887 tem características neomanuelinas, que se caracterizam pelo preciosismo nos detalhes. O local abriga 350 mil obras portuguesas, sendo o maior acervo de obras lusitanas fora de Portugal. Entre as raridades, há um exemplar de 1572 de Os Lusíadas. Rua Luís de Camões, 30
Confeitaria Colombo
A mais famosa confeitaria brasileira costuma aparecer em novelas de épocas em cenas que os personagens se encontram para tomar um chá ou café. Inaugurada em 1894, ela tem clara inspiração em cafeterias londrinas e parisienses, com um belo vitral na claraboia. Os espelhos vieram da Bélgica, os lustres são tchecos, as mesas tem tampo de mármore e a mobília foi feita com jacarandá. Ao passear pelo Centro é o local ideal para degustar um chá na companhia de doces portugueses ou da famosa coxa-creme. Rua Gonçalves Dias, 32
Igreja de São Francisco da Penitência
Ali está mais um exemplo de quem olha apenas para a fachada não tem a mínima noção do que encontrará ao adentrar pelo recinto. A igreja tem um interior esplendoroso, uma grande joia barroca brasileira com imagens que parecem se mover – olhe para o forro e veja como os anjos parecem estar descendo em direção ao chão. Quem assina as imagens entalhadas em cedro é Francisco Xavier de Brito, que não é ninguém mais que o mestre de Aleijadinho. Em anexo, funciona o Museu Sacro Franciscano, que tem um acervo de 3000 objetos de arte sacra Largo da Carioca, s/n
Museu Histórico Nacional
Da antiguidade até os dias atuais, a história do Brasil é contada através das salas desse museu que ocupa o conjunto arquitetônico da antiga Ponta do Calabouço. Inaugurado em 1922, foi preciso achar um grande lugar para abrigar cerca de 300 mil itens, entre manuscritos, mobiliário, armaria e tantos outros objetos. Lá estão o trono de D. Pedro II e um pedaço de madeira da forca de Tiradentes, além de uma coleção de carruagens. A visita é gratuita aos domingos. Praça Marechal Âncora, s/n
ÁREA PORTUÁRIA
Paço Imperial
A demolição do Elevado da Perimetral para os Jogos Olímpicos de 2016 revitalizou a Praça XV, lugar que tem uma importância enorme na história brasileira. Lá fica o Paço Imperial que foi construído em 1743 com a Casa dos Vice-Reis do Brasil, mas ganhou importância após a chegada da Família Real, em 1808, quando tornou-se a sede do governo real e imperial. Foi lá que D. Pedro I fez o discurso do Dia do Fico e a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Desde os anos 1980, o local virou um centro cultural com exposições temporárias. Ao lado do Paço Imperial, o Arco do Telles é um beco com vários restaurantes. Praça XV de Novembro, s/n
Centro Cultural Banco do Brasil
Ocupando a antiga sede do banco de 1906, há vários motivos para visitá-lo. A começar para admirar a arquitetura interna do prédio, com a linda cúpula envidraçada. Quem busca um programa cultural encontra um local com exposições temporárias, cinema, teatro e livraria. Bateu a fome? Lá tem café e restaurante. Quem busca um museu, pode subir até o 4º andar, onde fica a Galeria de Valores, que exibe uma vasta coleção de medalhas, moedas e cédulas. Rua Primeiro de Março, 66
Mosteiro de São Bento
Erguido em 1590, é uma das construções pioneiras do Rio de Janeiro. O interior da Igreja Nossa Senhora de Montserrat, que fica dentro do mosteiro, tem muito ouro folheando a mobília de jacarandá, com detalhes bem minuciosos. As missas são realizadas com canto gregoriano – de segunda a sábado, às 7h45, e domingo, às 10h – sendo que a missa dominical tem maior solenidade. Rua Dom Gerardo, 68
Ilha Fiscal
Buscando valorizar a monarquia, a Ilha Fiscal surgiu em 1889 ocupando uma ilha da Baía da Guanabara bem próxima ao continente. Para tal, foi construído um castelinho em estilo gótico com vitrais ingleses e piso de madeiras nobres brasileiras. A imponente construção serviu apenas para abrigar o que ficou conhecido como o “Último Baile do Império”, que teve 4 mil convidados. A monarquia caiu meses depois e o local foi abandonado. Atualmente está sob administração da Marinha e a visita guiada (que está suspensa desde o início da pandemia de covid-19) mostra o castelo (onde estão roupas e um convite do baile) e as outras edificações da ilha. Orla Conde, s/n
Praça Mauá/Boulevard Olímpico
Assim como ocorreu com a Praça XV, a demolição do Elevado da Perimetral valorizou o entorno da Praça Mauá, no coração da zona portuária: virou o Boulevard Olímpico e ganhou várias atrações. Há muito o que ver, como o Museu do Amanhã, o aquário AquaRio, o Museu de Arte do Rio (MAR),a Roda-Gigante Yup Star e o Mural Etnias.
Cais do Valongo
Durante as escavações para a revitalização da zona portuária, mas um lugar veio à tona, dessa vez, um capítulo manchado de nossa história: principal porta de entrada dos africanos escravizados entre o fim do século 18 e meados do 19, as ruínas do Cais do Valongo viraram um novo atrativo da capital fluminense. Com o fim do tráfico negreiro em 1831, o local foi aterrado e embelezado. Devido ao fato de ser o mais importante registo físico da chegada dos escravos africanos no continente americano, foi declarado Patrimônio Histórico da Humanidade, em 2017. Avenida Barão de Tefé, s/n
Samba na Pedra do SalA cinco minutos de caminhada do Cais do Valongo, aos pés do Morro da Conceição, fica a Pedra do Sal. Era lá que, no século 17, pessoas escravizadas que trabalhavam no porto se reuniam para fazer oferendas e tocar músicas ao som da palma da mão, pandeiro e utensílios: é um dos berços do samba no Brasil. Hoje, de sexta a segunda (ocasionalmente também às quintas) ocorre uma animadíssima roda de samba junto à colorida escadaria que conta a história do local e vai ao Morro da Conceição. A ordem por lá é todo mundo ficar de pé e curtir o ritmo na companhia de uma cerveja gelada. Largo João da Baiana