Arquitetura: uma viagem diferente

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A arquitetura brasileira é um passeio histórico que revela as diversas influências dos povos que construíram nossa identidade e promove uma divertida viagem ao tempo.

Quando os portugueses chegaram aqui, em 1500, encontraram as tribos indígenas perfeitamente assentadas em ocas e malocas, residências organizadas em torno de uma praça central de uso comum. Aldeias indígenas são praticamente as tataravós dos condomínios. Ainda hoje, as tribos que sobreviveram à colonização praticam esse modelo de moradia, que pode ser observado em reservas como a aldeia Pataxó de Coroa Vermelha, um dos passeios mais divertidos e interessantes de Porto Seguro.

Salvador, PelourinhoJá em Salvador,

a primeira capital do Brasil, os portugueses importaram seu modelo europeu para os trópicos. Com um passado de guerra e invasões, Portugal sempre privilegiou a proteção de seus castelos e territórios. A divisão de Salvador em Cidade Alta e Cidade Baixa não foi apenas para apreciar a vista deslumbrante da Baía de Todos os Santos, mas para garantir vantagem militar contra os invasores.

Porém, é no Pelourinho que a engenharia e arquitetura se encontram em um verdadeiro estado de arte. Não à toa foi tombado pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. O casario colonial colorido é uma festa para os olhos pelo seu design eclético. Os estilos renascentista, maneirista, barroco, neoclássico e rococó convivem num caos organizado que confere à Bahia uma personalidade única. Vale a pena fazer um visita guiada pelo Pelourinho para compreender a dimensão de sua importância histórica.

O mesmo vale para as Cidades Históricas de Minas Gerais. O ciclo do ouro conferiu à região uma riqueza sem igual, devidamente registrada nas suntuosas igrejas barrocas, douradas do teto ao chão, e nas vilas pujantes da época, como  Ouro Preto, Mariana, Tiradentes e São João Del Rey.

 

Também foi a riqueza que mudou o cenário do Norte do Brasil. O ciclo da borracha atraiu aventureiros do mundo todo e o dinheiro fluía caudaloso como o Amazonas. Durante esse período, no final do século 19, Belém do Pará foi considerada a Paris tropical e seus governantes decidiram reproduzir ali o modelo urbanístico de Paris e Londres. O resultado foi a criação de ruas largas, boulevards, praças, bosques, edifícios e, a maior modernidade da época, sistema sanitário e rede elétrica!

A alta sociedade local pedia um espaço cultural à altura de sua nobreza e assim foi inaugurado o espetacular Teatro da Paz, uma tentativa de réplica do Scala de Milão.  Em Manaus, nascia o Teatro Amazonas, inspirado na Ópera de Paris.

Mas nenhuma mudança foi tão impactante em termos arquitetônicos como a passagem da Vila de São Paulo do Piratininga para a metrópole São Paulo. A transformação de missão jesuítica à maior cidade da América Latina ocorreu em menos de dois séculos, incentivada pelo ciclo do café. As taperas dos bandeirantes e aldeias indígenas foram substituídas pelos casarões dos barões do café nas colinas do Pacaembu e no espigão da Avenida Paulista. Hoje cartão-postal da cidade, a Paulista é um símbolo histórico de poder sintetizado pelo prédio da FIESP, uma pirâmide de aço e vidro, carinhosamente apelidado pelos nativos como “ralador de queijo”.

 

Impossível falar de arquitetura sem citar nosso maior representante: o genial Oscar Niemeyer, referência mundial em estilo modernista. Famoso pela construção de Brasília, onde se destacam os prédios do Senado, do Congresso e a extraordinária Catedral de Brasília, com seus vitrais coloridos e salão oval, sem cantos, Niemeyer também é responsável por outras joias arquitetônicas Brasil a fora. Os edifícios da Pampulha, em Belo Horizonte, a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, o Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, o Museu Oscar Niemeyer, conhecido como Museu do Olho, em Curitiba, e a Oca, do Parque Ibirapuera, inspirada por aquelas tribos indígenas que já entendiam de arquitetura desde 1500.

*Por Eliana Antiqueira