Viajar é uma experiência tão incrível que muita gente quer compartilhá-la com o resto do mundo nas redes sociais. Antes do surgimento da Internet, os viajantes já relatavam suas aventuras em cartões-postais, cartas e livros.
Viagens épicas pelos mares
A primeira viagem feita pelos portugueses ao Brasil, nas caravelas comandadas por Pedro Álvares Cabral, foi registrada na Carta de Pero Vaz de Caminha. Após mais de 500 anos, é curioso ler trechos da carta, que se tornou um clássico da literatura.
Naquela época, enfrentar um oceano de incertezas era um gigantesco ato de coragem. Outro exemplo é a expedição do português Fernão de Magalhães, em 1519, contatada pelo marinheiro italiano Antônio Pigaffeta no livro A primeira viagem ao redor do mundo.
Mas não são apenas os relatos históricos que inspiram aventuras nos sete mares. Dois exemplos brasileiros são o navegador Almir Klynk, autor de livros como Cem dias entre o céu e o mar, Mar sem fim e Paratii: entre dois polos, e Vilfredo Schürmman, cujas expedições realizadas em família servem de base para o livro Navegando com o Sucesso.
Viagens de cronistas
Não é preciso ser um grande aventureiro para compartilhar com o resto da humanidade deliciosos relatos de viagens. Cronistas brasileiros contam suas experiências em textos tão saborosos como suas colunas de jornal.
O livro Um lugar na janela, de Martha Medeiros, fez tanto sucesso que ganhou um segundo volume. Traz dicas sobre destinos como Paris, Grécia, Machu Picchu, Fernando de Noronha, Japão, Nova York e Londres. Em Um lugar na janela 2, o leitor fica curioso para conhecer os coloridos murais do bairro de Wynwood, em Miami.
Já o bom humor característico de Luis Fernando Verissimo é o fio condutor das narrativas da coleção Traçando…, sempre com lindas ilustrações de Joaquim da Fonseca. É uma delícia descobrir Nova York, Paris, Madri, Roma, Porto Alegre e Japão a partir do olhar desses profissionais. Em Traçando Madrid, o fantasma do pintor espanhol Francisco Goya “acompanha” a dupla pela cidade, trazendo um toque especial a cada visita.
Viagens na ficção
Os livros de ficção também proporcionam passeios por cidades turísticas, que se tornam personagens das histórias. As obras do escritor norte-americano Dan Brown proporcionam viagens tão eletrizantes como os casos de mistério de suas páginas.
Paris ganhou ares diferenciados para os fãs de O Código da Vinci, que já vendeu mais de 80 milhões de exemplares. Um dos protagonistas da obra é o Louvre, que na novela de Brown é o cenário de um assassinato. É curioso receber tantas informações do museu “como brinde” enquanto se tenta elucidar o suspense do thriller.
No livro Inferno, também de Brown, o mocinho Robert Langdon vive um eletrizante caça ao tesouro por ícones de Florença, como o Palazzo Vecchio, a Ponte Vecchio e a Catedral de Santa Maria del Fiore. Na mesma trama, o leitor também acompanha o herói em atrações como o Palácio Ducal, em Veneza, e a Basílica de Santa Sofia, em Istambul.
Já a São Petersburgo do século 19 é o cenário do clássico Crime e Castigo, do russo Fiódor Dostoiévski. O mesmo escritor faz um relato de viagens em Notas de inverno sobre impressões de verão. No ensaio, diz ter ficado decepcionado com a catedral de Colônia à primeira vista, mas muda de opinião na segunda visita, quando a igreja ganha outra cor por causa dos raios de sol inexistentes na primeira passagem: “…quis ´pedir-lhe perdão de joelhos´, por não haver percebido, da primeira vez, a sua beleza…”.
Listas de viagens
Outra maneira de viajar pelo mundo sem sair do sofá é devorar as listas construídas em forma de livro. A mais famosa é 1.000 lugares para conhecer antes de morrer, de Patricia Schultz. O leitor viaja por cidades, regiões, festivais, museus, parques e hotéis dos cinco continentais. Até O acarajé do tabuleiro da baiana, A arquitetura de Oscar Niemeyer em Brasília e Hotel Copacabana Palace aparecem na edição brasileira da obra.
Para quem deseja pegar um bronze à beira-mar, 100 praias que valem a viagem, de Ricardo Freire, foge dos termos óbvios como “areia branca”, “palmeiras” e “mar transparente”. Quer um exemplo? “Tão histórica quanto o Pelourinho, tão baiana quanto o Gantois e (quase) tão animada quanto uma tarde Carnaval, a prainha de Porto da Barra é o mais divertido resumo de Salvador.”
*Texto de Maristela do Valle